03 - NOVENA EM HONRA A N. S. APARECIDA – A VIDA É FEITA DE ENCONTROS
Fernando Mauro Ribeiro
3 de out. de 2023
5 min de leitura
Depois de consultar o nosso pároco, ficou definido entre os coordenadores que, a exemplo do ano anterior, aqui na sede da paróquia de São Sebastião em Cachoeira Alegre, a novena em honra a Nossa Senhora Aparecida não acontecerá na Igreja- matriz, mas nas casas, onde nove famílias receberão o oratório com a imagem da Padroeira do Brasil, quando os fiéis estarão refletindo os temas propostos para cada dia. Depois dos primeiros encontros, constatamos que um número bastante razoável de fervorosos devotos está participando da Novena. Reúne-se numa casa, a imagem permanece com aquela família até o dia seguinte, quando todos voltam ao local para dar início à celebração e, seguem em caminhada até o outro endereço, onde outra família acolhe a todos para meditar a Palavra e celebrar passo a passo cada dia, de 03 a 11 de outubro o novenário, em preparação para a festa da Padroeira, no dia 12.
Acolher a presença amorosa de Nossa Senhora em nossas casas, é fazer a experiência de Santa Isabel que, ao ouvir a saudação de Maria, ficou cheia do Espírito Santo (Lucas 1, 41). É receber com docilidade quem Deus nos envia para nos revelar a Salvação. É vivermos na certeza de que temos um amparo sobrenatural que se revela no nosso cotidiano.
Tive a graça de nascer em um lar católico. Dos meus avós, conheci apenas a minha avó paterna, não era uma convivência de muita proximidade, - passava em sua casa, para pedir a ela a sua bênção, servia-me um cafezinho do bule sempre quentinho no fogão à lenha - mas o suficiente para assimilar alguma coisa, como por exemplo, o hábito de rezar. Tinha em seu quarto, em cima de seu guarda roupa, um pequeno oratório com a imagem de Nossa Senhora Aparecida, ia à missa aos domingos, era membro do Apostolado do Sagrado Coração de Jesus, o véu preto, a fita vermelha sobre o vestido de cores sempre sóbrias; compenetrada a recitar o Oferecimento do Dia, nas celebrações das primeiras sextas feiras de cada mês, são lembranças muito marcantes.
Na minha infância, depois do catecismo e a Primeira Eucaristia, participava com minha mãe, da Novena à Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, cuja imagem está em destaque, na Capela construída e a ela consagrada - na Pedreira – à rua Padre Messias Passos.
Meus pais, rezavam o santo terço todos os dias e herdei deles esse hábito salutar. Minha mãe, tinha sempre à mão o terço, e as orações na ponta da língua, fazia suas novenas, reunia com as amigas, em nossa casa, para fazer a novena da Sagrada Face, a novena do Natal, as reflexões sobre a Paixão de Cristo, a novena do padroeiro São Sebastião e de Nossa Senhora Aparecida na Igreja-matriz São Sebastião.
Ela fundou a Cruzada Eucarística que reunia naquela época 52 crianças, era membro do Apostolado da Oração e da Congregação Mariana, seu entusiasmo para com as coisas sagradas era contagiante. Participava da missa aos domingos e preparava o delicioso almoço, quando sentávamos todos à mesa, na agradável presença de nosso saudoso pároco, Pe. Adriano Ketti.
Aos 16 anos meu pai ingressou na Congregação Mariana, foi sacristão e auxiliava o padre Messias Passos em algumas tarefas da Casa Paroquial, - cortar, rachar e preparar a lenha para o fogão, varrer o terreiro, regar as plantas e também preparar a montaria - arrear o animal - para as viagens do Cura até a Estação Ferroviária de Silveira Carvalho, à igreja de São Bom Jesus dos Aflitos, em Bom Jesus da Cachoeira, e outras viagens.
Faleceu aos 98 anos, e até os seus últimos dias, lúcido, rezava conosco o terço mariano e às 15:00 horas o terço da Divina Misericórdia e, foi fiel ao preceito de abster-se de carne dois dias da semana: quarta-feira e sábado. Ensinou-me que, fazer-se presente aos sepultamentos, é mais que um compromisso social, é um dever de cristão e que faltar às celebrações aos domingos era inadmissível. Gostava de ver meu pai, devoto de Nossa Senhora do Carmo, com seu inseparável escapulário ao pescoço, como um sinal de pertença e proteção.
Quando pequenino, observando tais condutas, olhava esses símbolos e pensava: por que eles rezam? Por que trazem consigo o terço? Hoje, posso responder meus questionamentos: sem a força da oração não podemos superar os desafios da vida! Se tenho oportunidades, - estando em Muriaé ou no Rio de Janeiro – faço minha comunhão diária, rezo o terço todas as manhãs, e meditando nas contas do Santo Rosário, em cada mistério contemplado, experimento a força do Alto, para prosseguir, superando os obstáculos de cada dia.
Meditando na oração do terço, não me sinto só, porque sei que estamos unidos no poder da oração, meu anjo a quem Deus confiou a minha guarda está sempre de plantão, o Espírito Santo que desde a criação – lê-se lá no livro de Gênesis – “...e o Espírito pairava sobre as águas”; esse mesmo Espirito que recebi no meu Batismo, é meu parceiro de caminhada, meu defensor; Jesus quer que nos joguemos em seus braços. E isso fica explícito em diversas passagens do livro sagrado: “Vinde a mim, vós que estais cansados e oprimidos...” ou “Bata e a porta se abrirá”, ou ainda: “Na vida havereis de ter tribulação, mas eu estarei contigo até o fim dos tempos”, diz ainda: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”; “Quem come do meu Corpo e bebe do meu Sangue, permanece em mim, e eu nele”.
E unidos na força da oração, sei que Nossa Senhora, não só visita minha casa, mas cuida de minha vida e daqueles que tanto amo, que estão por aqui. E aqueles que já se foram, ela, como a Mãe zelosa que é, já os recebeu na casa do Paterna.
Tenho cá, minhas devoções, quando criança, tinha um encanto por N. S. de Fátima, a imagem que estava no altar e era coroadas pelas meninas - os anjos - no mês de maio, aqui na matriz. Quando de uma viagem recente a Portugal, visitei o santuário de Fátima, esse amor filial tornou-se ainda maior.
Mas tenho uma predileção por N. S. do Perpétuo Socorro. Ela, de certa forma, é também a Maria de minha infância. Tenho em meu apartamento uma imagem de N. S. Imaculada Conceição, e N. S. das Graças, diante das quais rezo o terço pela manhã. E o que dizer de N. S. Aparecida? A rainha e padroeira do Brasil, a quem invoco todos os dias. A imagem que conduzimos em seu andor, de casa em casa na minha Cachoeira, na década de setenta.
Os santos são também muitos: São Sebastião, o meu padroeiro, tem um lugar reservado na sala de meu apartamento, mas antes mesmo de ter recebido esse presente da namorada, ele já ocupava um lugar no meu coração. E São José? E Francisco, o de Assis?
E você? É devoto de qual título de Nossa Senhora? Já sentiu a presença dela em sua vida? Recebeu alguma graça? Sigamos com nossa novena e espero que ao longo do mês, possamos nos encontrar em cada Terço rezado, em cada lágrima derramada e em cada sorriso expressado.
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