02 – DIA NACIONAL DO SAMBA: ESSES BAMBAS NÃO DEIXAM O SAMBA MORRER

No dia em que o gênero musical é celebrado no país, sambistas veteranos chamam a atenção para novos talentos das rodas. Em “Loucos de inspiração”, Moacyr Luz, canta: “O samba já me deu \ Cadeira pra sentar \ Eu digo que valeu cantar \ O sol já vai nascer \ Parece anunciar \ Que a luz não vai se apagar \ Novos estão pra chegar \ Loucos de inspiração \ Eu dou para quem quer seguir, a minha mão”. A roda gira, a “velha guarda” continua na ativa e, ao lado dos novos talentos, não deixa o samba morrer, como pede o clássico de Edson Conceição e Aloisio Silva, eternizado na voz de Alcione em 1975 e regravado por outros tantos sambistas depois.

Neste 2 de dezembro, Dia Nacional do Samba, nosso portal Novo Tempo, recorreu ao Sessão Extra que, convidou veteranos da música popular brasileira a indicar artistas do gênero não conhecidos do grande público, mas que tenham se destacado aos seus olhos, seja nas composições ou na performance vocal. Confira o que tem a dizer os bambas Zeca Pagodinho, Leci Brandão, Dudu Nobre, Tia Surica, Nilze Carvalho e o próprio Moacir Luz.

COMO TESOURO NO FUNDO DO MAR: Eu me sinto um privilegiado por estar à frente de uma roda como o Samba do Trabalhador, que já existe há 16 anos. Ao longo desse tempo todo, venho acompanhando muitos talentos surgirem, como se fossem um tesouro escondido no fundo do mar. Mas entre os muitos que me têm chamado a atenção, tem o João Martins que é um compositor maravilhoso, diferenciado e que atua muito nas periferias; e o Douglas Lemos, com quem eu fiz um disco “Jogo de cintura”. Florescem novas inspirações para o samba brasileiro, disse Moacyr Luz.

COM O DNA DO MESTRE ZECA PAGODINHO: Sugiro que fiquem de olho em Juninho Thybal e Renato Milagres, dois sobrinhos meus, que estão batalhando há algum tempo para conquistar seus espaços. São bons garotos que estão dando continuidade à nossa história. Nossa família sempre foi musical desde a minha infância. A casa era tomada por serestas e bons sambas cantados por minha mãe, meus tios e tias. E agora, além de mim, temos esses dois, levando o samba para além das nossas casas, disse o mestre Pagodinho.

SÓ DE ELE SER PORTELENSE, JÁ FICOU GRAVADO NO MEU CORAÇÃO: Eu indico o Léo Russo, ele é uma pessoa simples, modesta. Léo canta bem, uma presença de palco muito boa, é um cara carismático. Eu o conheci numa roda de samba, que ele tinha na Barra e me convidou para participar. Ali eu tive a certeza do talento dele. Depois Léo ainda participou de uma live comigo. Vale muito ouvir, disse Tia Surica da Portela.

DIGA-ME COM QUEM CANTAS... “Nesses meus 50 anos de carreira, conheci muita gente boa no samba. Uma é Telma Tavares, ela já participou de festivais, foi backing vocal de Beth Carvalho, teve oito músicas gravadas por Alcione, toca violão muito bem e me deu a oportunidade de gravar com ela o samba “Carioca da gema”, em que cantamos figuras ilustres do samba. Outra que quero citar é Marina Íris, com quem gravei o samba vitorioso da Mangueira de 2019. Ela também já gravou com Péricles, Diogo Nogueira... Tem feito muitos shows no Rio, tem uma performance muito boa e um futuro muito legal na carreira, afirma a talentosa Leci Brandão.

UM ARTISTA DE VALOR É A VOZ DE PADRE MIGUEL: O pessoal fala muito do samba de meio do ano, de partido alto, de samba romântico... Mas tem outra vertente muito interessante que é o das escolas de samba. Nesse cenário, eu vejo um grande valor no Diogo Nicolau, um grande cantor e compositor. Já tive o prazer de escrever com ele alguns sambas. Fomos campeões da Mocidade Independente de Padre Miguel, na Vila Mariana em São Paulo. Acho que já passou da hora de ele assumir os vocais de uma escola do Grupo Especial. Hoje, Diego é cantor da Unidos de Padre Miguel, no Acesso, quem garante é Dudu Nobre.

GOSTO PORQUE ENALTECE AS MULHERES: Tem muita gente boa aparecendo há muito tempo na roda. Mas, este ano, eu tive um contato maior com uma artista de Porto Alegre (RS), chamada Pâmela Amaro. Eu já a conhecia da internet, porque ela fez um samba resposta, para um pessoal que tinha composto um outro, machista. Pâmela toca cavaquinho, é atriz, cantora e, principalmente compositora. Para sorte minha, ela me convidou para participar de um projeto dela “Samba às avessas”. Ela é umaartista muito natural! Gosto também porque enaltece as mulheres em suas composições, coisa que a gente precisa acentuar nos dias atuais. E, como ela vem do teatro, tem um trabalho muito conceitual. Não é mais do mesmo, sabe? É samba bem raiz, muito interessante, segundo Nilze Carvalho.

COMEMORAÇÕES SEGUEM ATÉ A SEMANA QUE VEM: Após mais um ano marcado pela pandemia, as celebrações do Dia Nacional do samba, enfim, se espalham por toda a cidade do Rio de Janeiro, de acordo com o site do extra.globo.com. Para quem quer curtir um batuque do bom, há vários shows e grandes eventos que se estendem até a semana que vem

O TRADICIONAL TREM DO SAMBA: Depois de um ano sem acontecer e de uma versão live em 2020, por causa da pandemia, o tradicional Trem do Samba retorna neste sábado, a partir das 18:00 horas. Mas o concorrido desfile, desta vez, será em um só trem, com 40% da lotação original. Nele, estarão representantes das Velhas Guardas e das rodas de sambas e de alguns convidados que serão sorteados, hoje, nas redes sociais do Trem do samba, às 20:00 horas.

PARECE UM PRESENTE DE NATAL: Vamos tomar muito cuidado com a Covid-19 e fazer um concurso para chamar no palco as pessoas que estiverem com as máscaras mais interessantes. O Trem do samba é a Festa da Música Tradicional Brasileira, na qual o sambista é o protagonista da História.

TEM COMEMORAÇÃO NO TEATRO JOÃO CAETANO: Já dá para festejar hoje! Tem comemoração no Teatro João Caetano, na Praça Tiradentes, onde a Velha Guarda Musical da Mangueira, conta e canta e conta vida e obra de Cartola, com ingressos a R$ 5 (cinco reais).

Jornal Extra – extra.globo.com